Lições das eleições

Isto é o título

Marcelo Rebelo de Sousa reeleito Presidente da República, como se esperava. Mais de 2,5 milhões de votos, 60,7%. Curto aumento relativamente a 2016. Soares, na reeleição, quase 3,5 milhões.

Outros grandes vencedores: o modesto Vitorino Silva, reconhecido por 2,9% dos eleitores; Tiago Mayan, um desconhecido, da IL, brilhou com 3,2%.

André Ventura, do vilipendiado Chega, reuniu quase 500 mil votos (11,9%), o terceiro entre sete. Alcançou-o debaixo de ataques ferozes: de candidatos, de partidos de esquerda, de jornalistas e comentadores, de manifestações violentas.

Ana Gomes, distinta militante do PS, apoiada pelo PAN, Livre e destacadas figuras, em luta aguerrida pela vitória, ficou-se por pouco mais de 540 mil votos (12,9%). Houve outros derrotados, experientes deputados no Parlamento Europeu: João Ferreira, destacado comunista, ficou pelos 4,3%; Marisa Matias, distinta figura do BE, só 3,9%!

Os resultados têm lições. A luta descabelada de Ana Gomes e Marisa Matias contra André Ventura não lhes terá valido nada e só o terá ajudado. João Ferreira ao brandir a Constituição em luta ideológica contra André Ventura, nem sequer evitou que este ultrapassasse o comunista em pleno Alentejo. Uma derrota para os anais do PCP; e descrédito dos analistas.

A humildade e o tino de Vitorino Silva, a sinceridade e clareza ideológica de Mayan, são lições.

André Ventura não medrou pela ideologia, mas apontando fragilidades reais do regime, sendo porta-voz de quem tem medo de se insurgir perante os erros, as insuficiências, as desilusões, da prática política. Atraiu votos legítimos, do protesto, de abstencionistas frustrados e sem crença na intervenção dos partidos tradicionais.

Apesar do exagero de algumas propostas de Ventura, deram-lhe a ventura de se fazer ouvir, creditar-se democraticamente como capaz de responder às angústias e aos dramas. Não chegará aonde pretende com extremismo nem radicalização. Todavia não será vencido com lábios encarnados, insultos histéricos, ataques físicos, pretensões de o silenciar, ou ilegalizar o Chega. Deixará de encantar quando os seus argumentos perderem alicerce na razão e na verdade.

Marcelo já não partilha a vitória. Porém muitos reclamaram a sua fatia do bolo da festa. Já agradeceu a Costa o lançamento da candidatura e não haverá outra. Tem legitimidade. Poderá ter papel decisivo para um Estado organizado e mais eficiente. Entendeu as lições eleitorais e encheu de promessas o discurso da vitória. Sempre foi orador prolixo. Aguarda-se concretização coerente.

Perfil do Autor

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura.
Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores.
Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD.
Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores.
Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta.
Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional.
Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

Renato Moura

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura. Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores. Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD. Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores. Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta. Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional. Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

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