Oposição não deveria ser apenas na campanha

Isto é o título

Realizaram-se as eleições autárquicas. Formalmente houve vencedores e vencidos. Nem todos os vencedores serão justos vitoriosos, nem todos os vencidos penalizados com justiça.

As boas e más decisões do poder local, ao longo dos anos, principalmente nos pequenos concelhos e freguesias, frequentemente ficam dentro dos órgãos, a cujas reuniões públicas raramente alguém assiste. Cada vez são mais frequentes os murmúrios de ofertas em géneros ou em dinheiro, de promessas de empregos ou vantagens, de condicionamentos mais ou menos discretos, mais fáceis e eficazes se provindos do poder. Também se condiciona com boatos e mentiras infundadas e não provadas: alguns querem no poder os que lhes servirão melhor! Corrupção de quem a faz ou propõe – principalmente se visa um aproveitamento da pobreza ou outra fragilidade humana – mas também de quem aceita; e de quem sabe e não denuncia na busca da prova e devida condenação. Todavia até as atitudes ilegítimas beneficiam os transgressores!

Infelizmente as organizações partidárias, nos meios pequenos, só funcionam nas campanhas. Como associações deveriam reunir com regularidade, para ajudar e criticar quem está no poder. Para divulgar os seus apoios e as suas críticas, para tornar públicas as posições de quantos os representam nos órgãos, pois em política aquilo que não se sabe é como se não tivesse realizado, acertado ou errado. Os partidos e os candidatos fazem-se acreditar ao longo dos anos. A capacidade trabalha-se. A alternativa demonstra-se. A oposição não é só em campanha, pois aí é quando os eleitores pensam estar-se a exagerar, sem provar.

Terminadas as campanhas seria tempo certo de os vencedores perceberem se ganharam com justiça, ou pela força das manobras; e as razões de terem ganho por poucochinho.

Quem não teve o sucesso esperado teria de meditar, não só sobre as últimas semanas, mas sobre os últimos anos, do partido e dos candidatos. Solicitar aos colaboradores pareceres sobre os fundamentos da derrota. Ter a humildade de pedir aos eleitores opiniões sobre os motivos impeditivos da vitória. Sobre as razões pelas quais, na mesma freguesia, se dá a vitória a uma força para a Assembleia de Freguesia (consequentemente para a Junta de Freguesia) e não se apoiou a lista para a Câmara Municipal. Ou a explicação de as votações serem profundamente diferentes para a Assembleia e para a Câmara Municipal.

É preciso saber ganhar; pode perder-se com honra. Mas se o processo político fosse permanente e perseverante, haveria mais verdade eleitoral.

Artigo publicado no site igrejaacores.pt

Perfil do Autor

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura.
Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores.
Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD.
Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores.
Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta.
Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional.
Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

Renato Moura

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura. Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores. Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD. Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores. Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta. Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional. Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

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