PADRE INÁCIO COELHO

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(1575-1643)

Fundador do Convento de S. Boaventura

 

Nasceu em Santa Cruz das Flores por volta de 1575, filho de Mateus Coelho da Costa, Capitão-mor das Flores e do Corvo, e de sua primeira mulher, Catarina Fraga (por sua morte, ocorrida a  13 de Agosto de 1594, Mateus Coelho da Costa voltaria a casar, desta feita com Francisca Furtado de Mendonça).

Era irmão de outros dois religiosos florenses— Frei Diogo das Chagas e Frei Mateus da Conceição, não menos distintos— e fundou o Convento de S. Boaventura, de Santa Cruz das Flores. Foi um defensor entusiasta da Restauração de 1640.

Era bisneto, pelo lado materno de Gomes Dias Rodovalho, que acompanhou a primeira leva de colonos chegada à Ilha no princípio de quinhentos. Inácio Coelho foi muito referido no seu tempo também como poeta, apesar de não se conhecer nenhum verso seu. É seu irmão Diogo das Chagas que o apresenta como notável improvisador de “versos de língua materna como o latim, que sabia tão perfeitamente, a termos de afirmar seu mestre que, se todas as obras de Cícero se houvessem perdido, se achariam neste padre da mesma linguagem e estilo”.

Em data posterior a 1608, foi vigário na ilha do Corvo, com o ordenado de “seis moios e três coarteiros de trigo”, substituindo ali o Padre Bartolomeu Tristão, natural da ilha do Faial.

Foi ouvidor eclesiástico em Santa Cruz das Flores , onde foi vigário por mais de 30 anos e foi ele quem “tornou a reedificar e reerguer sobre as mesmas paredes , que por serem de pedra e cal nunca fizeram ruina” a Igreja Matriz sucessivamente queimada pelos corsários ingleses. Igual zelo e cuidado dedicou às ermidas de Santa Catarina, São Sebastião e São Pedro, as quais “fez todas de telha como a Igreja Matriz”, já que haviam estado “reparadas de palha por espaço de 40 anos”.

Grande entusiasta da Restauração nos Açores, na qual muito se empenhou com os irmãos, “levou o povo das Flores a aclamar D. João IV como Rei de Portugal”. Para além disso, “enviou para a Terceira, 60 homens das ditas Ilhas das Flores e Corvo numa nau francesa de 24 peças, que lá fora refrescar, e que, por instâncias do dito padre, se prestou ao serviço da causa portuguesa”.

A seu pedido, seu irmão Frei Mateus da Conceição, de passagem pela Horta consegue o beneplácito régio e a licença do Provincial da Ordem Franciscana nos Açores, para a fundação, em Santa Cruz das Flores, de um convento sob a protecção de São Boaventura. O Pedido de Inácio Coelho que era acompanhado de uma escritura de doação, foi logo aceite a 25 de Agosto de 1641.

Obtém a ajuda dos Padre Francisco Amado de Jesus, confessor e do sobrinho Frei Diogo de Santo António, pregador, que moravam no Faial. No ano seguinte conta ainda com a ajuda de Frei Boaventura dos Anjos e Frei Nicolau da Vitória que, com a ajuda de alguns leigos, deram início ao Convento. Em 18 de Dezembro de 1642, este já estava registado como vigariaria “in capitae” na congregação da Província , sediada em Ponta Delgada.

O Padre Inácio Coelho, fundador do Convento das Flores, faleceu em 1643. Refere Silveira Macedo que o seu corpo “foi sepultado à porta do oratório”. Na sequência da construção da capela-mor, em 1654, os seus restos mortais foram então para ali transladados, dando-se assim cumprimento ao desejo expresso pelo doador.

Sabe-se que, para auxílio da construção do Convento de S. Boaventura , então com sete religiosos, a Província incumbiu-lhe “o peditório do vinho da Candelária do Pico” aonde os mesmos terão buscado solidariedade.

Por sua vez, o Conde de Santa Cruz, em 1648, mandou entregar-lhe anualmente, de sua fazenda, dois moios de trigo, sessenta varas de pano e o dízimo do peixe, ficando os frades obrigados a “pregar todos os sermões do Advento e Quaresma”.

 

 
Perfil do Autor

António Maria Silva Gonçalves, nasceu na freguesia da Fazenda, concelho de Lajes das Flores a 24 de Abril de 1955, onde reside;
Concluiu o curso geral dos liceus em 1973, ano em que começou a trabalhar na Segurança Social, onde fez carreira;
Ocupou diversos cargos políticos, entre eles: Secretário da Junta Freguesia da Fazenda, Presidente Assembleia Municipal e vereador da Câmara Municipal de Lajes das Flores, presidente do Conselho de Ilha e Deputado Regional pelo círculo das Flores;
Dirigiu e ainda colabora em diversas instituições particulares de solidariedade social;
Coordenou a Revista Municipal de Lajes das Flores, foi subdiretor do Jornal do Ocidente e tem participações dispersas em prosa e poesia na imprensa regional, inclusive no Boletim do Instituto Histórico da Terceira de que é sócio. É autor de “Flores de Outros tempos (da História à Etnografia)” e “Falquejos – textos etnográficos”, dois livros que publicou respetivamente em 2019 e 2020.
Autodidata, são conhecidos ainda alguns trabalhos seus, na música, teatro e ultimamente na pintura.

António Maria Gonçalves

António Maria Silva Gonçalves, nasceu na freguesia da Fazenda, concelho de Lajes das Flores a 24 de Abril de 1955, onde reside; Concluiu o curso geral dos liceus em 1973, ano em que começou a trabalhar na Segurança Social, onde fez carreira; Ocupou diversos cargos políticos, entre eles: Secretário da Junta Freguesia da Fazenda, Presidente Assembleia Municipal e vereador da Câmara Municipal de Lajes das Flores, presidente do Conselho de Ilha e Deputado Regional pelo círculo das Flores; Dirigiu e ainda colabora em diversas instituições particulares de solidariedade social; Coordenou a Revista Municipal de Lajes das Flores, foi subdiretor do Jornal do Ocidente e tem participações dispersas em prosa e poesia na imprensa regional, inclusive no Boletim do Instituto Histórico da Terceira de que é sócio. É autor de “Flores de Outros tempos (da História à Etnografia)” e “Falquejos – textos etnográficos”, dois livros que publicou respetivamente em 2019 e 2020. Autodidata, são conhecidos ainda alguns trabalhos seus, na música, teatro e ultimamente na pintura.

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