Estorvam a liberdade

Isto é o título

Foi-se a campanha eleitoral oficial para as autarquias. Tanto quanto se viu nas televisões nacionais, não pareceu para órgãos de poder local, mas dava ares de uma campanha nacional para a Assembleia da República.

Os líderes nacionais dos partidos aproveitaram a oportunidade para se exibirem e lutarem entre si, à política de mau feitio, sobrepondo-se aos projectos e candidatos para as autarquias. O Secretário-geral do partido no poder usou e abusou da condição de 1.º Ministro para andar anunciando investimentos de terra em terra, à conta dos dinheiros esperados da Europa, com um descaramento imperdoável. Os líderes dos partidos da oposição, também eles tomando o lugar dos seus candidatos, protestaram, contestaram ou anunciaram alguma coisa que pudesse fazer contrapeso; disso Coimbra foi um claro exemplo: o PS (leia-se o 1.º Ministro) promete um hospital e o PSD a transferência da sede do Tribunal Constitucional (com os juízes a terem a indignidade de considerar indigna a transferência para Coimbra!).

Tudo possível com a comunicação social a dar atenção e ampliar a campanha dos líderes, dando-lhes um destaque inusitado, apenas tentado disfarçar com uns debates entre alguns candidatos.

Pior é o facto de as eleições autárquicas continuarem a servir a luta pelo poder, embora ainda distantes as eleições. Apesar de se saber, como se sabe, como há vitórias onde conta muito mais o mérito dos candidatos e menos o partido, os líderes dos dois principais partidos continuam a digladiar-se: um por sem ganhar ter todavia crescido e outro por ganhar tendo porém diminuído.

Mas as eleições autárquicas e os respectivos resultados também servem para as lutas internas pelo poder dentro dos partidos. Haverá candidatos à oposição interna a sentirem-se desconfortáveis com os sucessos relativos dos respectivos líderes, talvez algum hipotético candidato tenha ficado sem pé, certamente alguns líderes se sentem menos ameaçados pela perda do lugar.

E a comunicação social, como reza a gíria popular, “vai atrás dos foguetes e apanha as canas” diminuindo o papel de noticiar, para se ocupar na tentativa de adivinhação de quem pode ganhar ou perder!

Todo este ambiente estorva a liberdade de cada qual pensar pela sua própria cabeça.

Nos Açores o PS ficou fora do poder em alguns concelhos, porém não se crê seja isso suficiente para perceber como agir em oposição. A “coligação” no governo talvez tenha a tentação de tomar os resultados das autárquicas na Região como uma legitimação do poder; mas isso é um erro fatal.

Artigo publicado no site igrejaacores.pt

Perfil do Autor

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura.
Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores.
Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD.
Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores.
Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta.
Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional.
Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

Renato Moura

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura. Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores. Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD. Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores. Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta. Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional. Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

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