Hoje com a comunhão solene da minha filha mais nova, recordei a minha.
Foi numa festa de Santo Amaro, há muitos e longos anos.
Eu e o meu irmão no mesmo dia.
O meu irmão tinha um fato para estrear que veio num barril da América. Eu não tinha vestido. Então a minha mãe precisava de uma solução. Comprar um vestido estava fora de questão. Custava uma fortuna ao nosso orçamento familiar. Então meio envergonhada lembrou se de pedir o de uma prima minha, filha do meu tio Pedro que tinha feito a comunhão há pouco tempo. A minha tia rapidamente respondeu que sim e o vestido chegou em pouco tempo. Eu era franzina e mais baixinha que a dona do vestido. Ficava-me a arrastar no chão, mas não cortamos para o meu tamanho, como se houvesse um compromisso de o manter intacto.
Os sapatos viemos comprar a Santa Cruz na primeira loja da sapataria Lima. Branquinhos como mandava a tradição. Dias antes da cerimônia eu quis testar os meus dotes de cabeleireira e cortei a "marrafa". Que linda marrafa eu fiz! Ficou a meio da testa e das sobrancelhas. Puseram-me o rosto com forma de grão de bico. A minha mãe mandou as mãos aos céus: oh pequena, não sabes estar quieta, linda coisa fizeste nesse cabelo! Não havia nada a fazer. Estiquei a com bastante aguinha a colar a testa e lá fui para a igreja. Verdade seja dita, na minha ingenuidade continuei a sentir me uma princesa e nem fiz drama. Anos mais tarde foi um tal esconder as horrorosas fotos daquele dia!