“Histórias das Minhas Gentes #44”

Adicione aqui o texto do seu título

O primeiro automóvel do meu pai foi uma Ford Transit, cuja data de fabrico terá sido finais dos anos 70. Quando o meu pai a comprou a alguém do Lajedo, se não me falha a memória, a máquina já estava velhinha e cansada. Mas para uma família numerosa como a nossa, aquilo parecia um mini autocarro onde nos sentávamos todos confortavelmente e ainda conseguíamos levar muitas vezes os meus avós e tios. Para caber toda a gente, às vezes os mais novos iam na parte de trás sentados sobre a elevação da zona dos pneus traseiros que pareciam mesmo uns banquinhos para os nossos rabiosques de crianças.

O meu pai tentava fazer a manutenção do meio de transporte familiar, mas naquela altura encontrar material para um modelo tão antigo nem sempre era fácil e andamos muito tempo com o motor de arranque avariado. A garagem dos meus pais ficava abaixo do nível da estrada, resultado: meu pai saltava para o lugar do condutor e lá íamos todos para a traseira da nossa “princesinha do Agreste” empurrar para a trazer até ao cimo da rampa de entrada para apanhar a estrada e caminhar a descer para pegar de arranque. Bonito mesmo era eu e a minha irmã de vestidinhos de procissão agarradas a empurrar a toda a força, tal qual anjinhos poderosos! Claro que depois havia que estaciona-la nalgum sitio inclinado onde não nos deixasse ficar mal no regresso.

A “princesinha do Agreste”, era assim que carinhosamente apelidávamos a nossa carripana, porque na novela Tieta que passava na RTP naquela época, havia o sr. Jairo que tinha uma marioneta que levava os turistas para Santana do Agreste, cujo modelo se assemelhava à nossa.

Mais tarde nos anos 90 o meu pai trocou o nosso mini autocarro por uma Toyota Dyna, cabine simples onde só cabiam 3 privilegiados, o resto marchava na caixa numa capota de madeira construída para o efeito. Para os rapazes aquilo poderia ser uma aventura, para as miúdas da casa foi um trauma que ainda hoje nos acompanha de descer de vestidos de baile nas festas populares e os rapazes a verem nos naqueles momentos tão constrangedores! Isso para duas adolescentes, acreditem não foi nada fácil! Conclusão: que falta que nos fez a “princesinha do Agreste”.

Perfil do Autor

Nascida a 08 de maio de 1979, natural de Santa Cruz das Flores, fez ensino primário na freguesia de Ponta Delgada, ilha das Flores onde residiu durante a sua infância e juventude. Concluiu o ensino secundário na Escola Básica e Secundária da ilha das Flores. Foi subdiretora do Jornal As Flores entre o período de 2006 e 2007, assumindo depois o cargo de diretora do mesmo jornal entre o período de 2008 a 2012.

Atualmente é assistente técnica no Município de Santa Cruz das Flores, mediadora de seguros, colaboradora no jornal digital 9idazoresnews e correspondente da RTP/Açores.

Maria José Sousa

Nascida a 08 de maio de 1979, natural de Santa Cruz das Flores, fez ensino primário na freguesia de Ponta Delgada, ilha das Flores onde residiu durante a sua infância e juventude. Concluiu o ensino secundário na Escola Básica e Secundária da ilha das Flores. Foi subdiretora do Jornal As Flores entre o período de 2006 e 2007, assumindo depois o cargo de diretora do mesmo jornal entre o período de 2008 a 2012. Atualmente é assistente técnica no Município de Santa Cruz das Flores, mediadora de seguros, colaboradora no jornal digital 9idazoresnews e correspondente da RTP/Açores.

Crónicas Geral Sociedade

Flores, 20 anos depois

Flores, 20 anos depois No dia em que escrevo, completam-se vinte anos desde que cheguei às Flores. Vinte e cinco horas de viagem no Golfinho Azul, partindo da Praia da Vitória, passando por Graciosa, São Jorge, Pico e Faial. No porão ia o meu Suzuki Samurai, carregado até mais não com coisas que achei essenciais. […]

LER MAIS
Crónica da Fajãzinha Crónicas

“Crónica da Fajãzinha #11”

José Fernandes, Maria Avelar,Jacinto Avelar, Maria Fortuna, Francisco Fortuna, António Custódio, Fátima Custódio, Verónica Eduardo, Manuel Furtado, Rafaela Furtado, Ema Furtado, Lúcia Custódio, Armando Custódio, Lurdes Henriques, Maria P. Eduardo, Ana Silveira, Maria Olívia Corvelo, José Henriques Custódio, Sidónia Cordeiro, José A. C. Freitas, Nélia Freitas, Joana Freitas, Isilda Corvelo, Maria Corvelo, Serafina Eduardo, António […]

LER MAIS
Crónicas Histórias das minhas gentes

“Histórias das Minhas Gentes #47”

Duas histórias. Duas notas. Uma de 20 escudos, outra de mil escudos. Ainda morava na casa velhinha e a minha mãe parou na casa dos meus avós para nos levar para casa. Vinha exausta de assentar blocos na casa nova junto com o meu pai. Confiou-me uma nota de vinte escudos e disse: Maria, vai […]

LER MAIS