Hoje fui tomar café no barzinho por cima das piscinas naturais de Santa Cruz que agora tem o nome de piscinas do Altio. Nos anos 90 quando se dizia “vamos para as piscinas”, não havia que enganar! Eram as únicas! Eram e continuam a ser únicas!
Recordei então o tempo em que saiamos da escola e tomávamos aquele atalho por trás do Hotel do Franceses (naquela altura, ainda, era mesmo dos franceses) para ir nadar naquele que era o recanto paradisíaco dos banhistas.
Um dia, a turma, creio que era o 7ºB, fico na dúvida se era nosso sétimo ou oitavo ano, porque as “figuras” são sempre as mesmas (gargalhadas!), ia para as piscinas na aula de Educação Física. Nessa altura o Fred era meu colega de turma, antes de ir para os Estados Unidos. Ele era muito mais que um amigo, era como um irmão e era assim que ele me tratava: irmãzinha. Mas ele gostava muito de me fazer zangar, de me atazanar e então roubou-me a bola que o professor me tinha confiado para levarmos para a piscina. Como ele era muito alto e eu muito baixinha, ele começou a elevar a bola para se tornar difícil a minha tarefa de a reaver. Eu nunca fui de “por água a pintos”, mandei um brutal pontapé no ar inspirada à Karaté kids e consegui chutar a bola para fora das mãos dele. Com isso chutei-lhe o dedo indicador da mão direita que foi direitinho para uma tala. À conta disso copiei-lhe os apontamentos durante três semanas. Durante três semanas sentada ao lado dele, perco a conta das mil e uma desculpas que lhe pedi, das vezes que lhe ajudei a fechar a mochila e a carregar as coisas, remoída pelo remorso. O Fred olhava-me meio gozão, meio lamechas e dizia: ai ai Maria, mesmo que tire a tala, vais ajudar-me com os apontamentos!
Era justo. Era justo!