“Histórias das Minhas Gentes #20”

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Hoje a história nem é bem uma história. É uma constatação. Como a ilha pode ser tão grande e de repente tão pequena. Cresci como já referi nas histórias anteriores em Ponta Delgada. O meu pai quando comprou o primeiro carro já tinha eu uns doze anos. Era a "princesinha do Agreste" como apelidamos a Ford Trânsit dos anos 80. Foi em jeito de brincadeira, devido à semelhança que tinha com a carrinha do sr. Jairo na telenovela da Tieta que havia passado recentemente cá. Muitas vezes era preciso empurra la pra conseguir tirar da garagem, mas a máquina sempre respondia aos nossos anseios. Depois de um arranque e duas goladas de fumo pelo escape, arrancava bem comportada. Antes dessa aquisição raramente saía da freguesia e a ilha era por mim desconhecida. Primeira vez que dei a volta à ilha e vi as lagoas e as freguesias foi na caixa de uma Toyota que os meus tios pediram emprestada a alguém para ir a família toda. Lembro me que almoçamos no restaurante "Pescador" na freguesia da Fajã Grande que pertencia ao meu primo João de Sousa.

Foi uma aventura e tanto nesse dia. Uma ilha enorme aos meus olhos de criança que só conheciam o percurso de Ponta Delgada/Santa Cruz. Como era bonito avistar a igreja da Fazenda, naquela viajem enorme de autocarro que me fazia enjoar, por saber que estava a chegar ao destino.

Mais tarde fiz esse percurso para a escola muitas vezes sem me aperceber. Mais tarde ainda, já a trabalhar, muitas vezes dizia que vinha em piloto automático, nem tinha noção de passar pelos lugares.

Hoje a ilha, corro-a de lés a lés, com uma noção tão clara da sua pequenez, da sua fragilidade, das suas limitações.

Fico a pensar se a criança se perdeu na ilha, ou se a ilha se perdeu em mim.

Perfil do Autor

Nascida a 08 de maio de 1979, natural de Santa Cruz das Flores, fez ensino primário na freguesia de Ponta Delgada, ilha das Flores onde residiu durante a sua infância e juventude. Concluiu o ensino secundário na Escola Básica e Secundária da ilha das Flores. Foi subdiretora do Jornal As Flores entre o período de 2006 e 2007, assumindo depois o cargo de diretora do mesmo jornal entre o período de 2008 a 2012.

Atualmente é assistente técnica no Município de Santa Cruz das Flores, mediadora de seguros, colaboradora no jornal digital 9idazoresnews e correspondente da RTP/Açores.

Maria José Sousa

Nascida a 08 de maio de 1979, natural de Santa Cruz das Flores, fez ensino primário na freguesia de Ponta Delgada, ilha das Flores onde residiu durante a sua infância e juventude. Concluiu o ensino secundário na Escola Básica e Secundária da ilha das Flores. Foi subdiretora do Jornal As Flores entre o período de 2006 e 2007, assumindo depois o cargo de diretora do mesmo jornal entre o período de 2008 a 2012. Atualmente é assistente técnica no Município de Santa Cruz das Flores, mediadora de seguros, colaboradora no jornal digital 9idazoresnews e correspondente da RTP/Açores.

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