Na área do desporto confesso que sou uma pessoa pouco culta. Não sigo campeonatos de nada. Não conheço atletas. Talvez reconheça os nomes mais sonantes do futebol nacional, porque é um desporto sempre na ribalta. Localmente vou seguindo algumas coisas do voleibol por causa das minhas filhas e tento perceber o que vai acontecendo no desporto de ilha. Nunca pratiquei qualquer desporto federado. Vou tentando manter atividade física individual, amadora, quando o tempo permite. Mas fui seguidora e fã do Futebol Clube de Ponta Delgada quando o meu pai era jogador. Lembro me perfeitamente da minha mãe vestir me com uma camisola vermelha, vinda das encomendas das Américas, a mim e ao meu irmão para irmos ver o meu pai jogar. O meu irmão rebocava me pela mão, pelo meio do feno que quase me tocava no nariz. Iamos assim rasgando caminho até ao Fanal que era onde se situava o campo de futebol pelado, da nossa freguesia.
Lembro me também perfeitamente dos terrenos circundantes terem as suas paredes e beiradas cheias de gente sentada a assistir. Eu nem percebia nada daquilo, mas se o meu irmão gritava golo, eu gritava golo também!
Além do meu pai, jogava também o meu padrinho, o Cabral e outros jogadores como o José Gomes, o Florêncio, o Manuel Silva, o Rabelinho... que me perdoem os que aqui não aponto, porque falha a memória de uma criança que na altura tinha menos de seis anos.
Recordo me também da sede do clube onde os homens iam ver televisão quando na maior parte das suas casas ainda não havia esse luxo. Tinham o privilégio de ver a Gabriela, Cravo e Canela do Jorge Amado que era o furor naquela época pelas cenas mais ousadas de intimidade.
Éramos tão pobres de bens, mas tão ricos de cultura, desporto, partilha, convívio. Hoje: falta nos isso!