“Histórias das Minhas Gentes #4”

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Cresci numa família cristã, devota e sempre me lembro de ir à missa desde pequenina. Eram os meus avós maternos que ao domingo nos levavam a mim e aos meus irmãos. Para os meus pais, nessa altura, todos os fins de semana eram aproveitados para trabalhar na construção da nossa casa nova que fizeram com muitos sacrifícios.

Da minha infância cristã há uma história que nunca vou esquecer e que me leva a falar de um senhor pelo qual nutri uma profunda admiração, quer seja pela sua fé, quer seja pela sua persistência.

Na Rocha do Vento, mesmo ao lado do guincho sempre me recordo de ver uma minúscula imagem de Nossa Senhora protegida por uma minúscula casinha de cimento. Curiosa perguntei aos meus pais para que era aquela casinha com a bonita imagem. Nossa Senhora da Guia, para guiar os nossos pescadores no mar e as pessoas que por aqui passam, foi o que me responderam. E que imagem bonita a da Senhora.

O senhor Tomás era um verdadeiro crente do poder salvador da Nossa Senhora da Guia e achou que a imagem merecia um altar e uma ermida que prestasse uma digna homenagem à Mãe Santíssima. Então conseguiu reunir ajudas e mover os crentes e assim nasceu a Ermida da Nossa Senhora da Guia.

Durante muitos anos o pároco da freguesia recusou se a aceitar a imagem na igreja e de celebrar a missa da festa. Mas como é a fé que move os homens o sr. Tomás providenciava alguém para rezar o terço na Ermida, realizava se a procissão e entoavam se os cânticos cristãos de Nossa Senhora. Os paroquianos tinham a alma dividida entre o que o sr. Padre queria e a fé tão inocente e pura do sr. Tomás.

Mais tarde, sem dúvida graças à persistência, a imagem foi benzida, passou a ser recebida na igreja de São Pedro e a festa em honra da Senhora da Guia é uma das mais bonitas da ilha.

Da festa e do sr. Tomás tenho a dizer que nunca mais comi tremoços como os que ele preparava para aqueles dias. Parece que o truque era ir amarrar a saca de tecido cheia de tremoços a uma pedra no fundo do mar onde ficavam num curtume natural marítimo. Tão saborosos que eram!

Perfil do Autor

Nascida a 08 de maio de 1979, natural de Santa Cruz das Flores, fez ensino primário na freguesia de Ponta Delgada, ilha das Flores onde residiu durante a sua infância e juventude. Concluiu o ensino secundário na Escola Básica e Secundária da ilha das Flores. Foi subdiretora do Jornal As Flores entre o período de 2006 e 2007, assumindo depois o cargo de diretora do mesmo jornal entre o período de 2008 a 2012.

Atualmente é assistente técnica no Município de Santa Cruz das Flores, mediadora de seguros, colaboradora no jornal digital 9idazoresnews e correspondente da RTP/Açores.

Maria José Sousa

Nascida a 08 de maio de 1979, natural de Santa Cruz das Flores, fez ensino primário na freguesia de Ponta Delgada, ilha das Flores onde residiu durante a sua infância e juventude. Concluiu o ensino secundário na Escola Básica e Secundária da ilha das Flores. Foi subdiretora do Jornal As Flores entre o período de 2006 e 2007, assumindo depois o cargo de diretora do mesmo jornal entre o período de 2008 a 2012. Atualmente é assistente técnica no Município de Santa Cruz das Flores, mediadora de seguros, colaboradora no jornal digital 9idazoresnews e correspondente da RTP/Açores.

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