O espírito para além dos projectos e das obras

Isto é o título

Nas peças anteriores temos abordado temas relacionados com o poder local. Continuamos nesta tentativa de partilhar reflexões tidas como importantes, quando se aproximam eleições autárquicas.

É basilar avaliar se os candidatos conhecem os deveres e poderes das funções a desempenhar, toda a vasta legislação a respeitar e cumprir, bem como as suas capacidades para pensar e agir. Mas é ainda fundamental avaliar o espírito norteador dos recandidatos enquanto exercitaram o poder e bem assim o espírito subjacente nos novos candidatos ao exercício do poder.

Torna-se impossível aqui enumerar todos os ângulos de análise. Porém o importante seria despertar os eleitores para em cada lugar os escolherem, com rigor e independência analisarem, para então concluir com proveito. É mais fácil julgar o passado, mas é indispensável perscrutar o futuro.

Será que as obras realizadas ou projectadas se destinam a servir os interesses da maioria da população, ou principalmente visam atrair votos ou fama para quem as executou ou promete? A resposta às legítimas solicitações das pessoas terá sido (ou será) igual para os influentes e para os pobres, para os amigos e para os críticos, para os do partido e para os da oposição? As admissões nos quadros e as ofertas de lugares são uma pensada reestruturação tendo em conta as necessidades? Os pretendentes foram (ou serão) seleccionados com rigor e justiça, ou os nomeados ao abrigo da lei foram (ou serão) escolhidos por competência ou amiguismo? Os autarcas dão sinais de reivindicação justa, firme e corajosa, na defesa das gentes das suas circunscrições, perante os poderes superiores, seja no concelho ou na Região; ou são tolerantes, amorfos ou até ocultadores, perante as insuficiências e injustiças, quando os que estão acima são do mesmo partido?

As instituições e colectividades locais foram (ou serão) transformadas em instrumentos ao serviço do poder local, ajudadas ou omitidas segundo as simpatias dos autarcas, ou conforme a relação, boa ou má, com os seus dirigentes? Provou-se ou há sinais para acreditar que autarcas ou candidatos ameaçaram agentes económicos de retaliação em caso de apoiarem ou ajudarem a eleger forças contrárias?  Há provas ou sinais concludentes de alguma candidatura ter tentado aliciar filiados doutros partidos, a troco de oferta de lugares ou vantagens?

Mesmo quando a lei não pune, a consciência de cada um pesará. Em política não se peca apenas por acção e por omissão… também pela intenção. E o espírito é sujeito ao escrutínio popular.

Artigo publicado no site igrejaacores.pt

Perfil do Autor

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura.
Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores.
Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD.
Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores.
Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta.
Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional.
Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

Renato Moura

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura. Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores. Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD. Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores. Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta. Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional. Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

Crónicas Geral Sociedade

Flores, 20 anos depois

Flores, 20 anos depois No dia em que escrevo, completam-se vinte anos desde que cheguei às Flores. Vinte e cinco horas de viagem no Golfinho Azul, partindo da Praia da Vitória, passando por Graciosa, São Jorge, Pico e Faial. No porão ia o meu Suzuki Samurai, carregado até mais não com coisas que achei essenciais. […]

LER MAIS
Crónica da Fajãzinha Crónicas

“Crónica da Fajãzinha #11”

José Fernandes, Maria Avelar,Jacinto Avelar, Maria Fortuna, Francisco Fortuna, António Custódio, Fátima Custódio, Verónica Eduardo, Manuel Furtado, Rafaela Furtado, Ema Furtado, Lúcia Custódio, Armando Custódio, Lurdes Henriques, Maria P. Eduardo, Ana Silveira, Maria Olívia Corvelo, José Henriques Custódio, Sidónia Cordeiro, José A. C. Freitas, Nélia Freitas, Joana Freitas, Isilda Corvelo, Maria Corvelo, Serafina Eduardo, António […]

LER MAIS
Crónicas Histórias das minhas gentes

“Histórias das Minhas Gentes #47”

Duas histórias. Duas notas. Uma de 20 escudos, outra de mil escudos. Ainda morava na casa velhinha e a minha mãe parou na casa dos meus avós para nos levar para casa. Vinha exausta de assentar blocos na casa nova junto com o meu pai. Confiou-me uma nota de vinte escudos e disse: Maria, vai […]

LER MAIS