“Crónica da Fajãzinha #9”

Isto é o título

Fajãzinha, 1 de outubro de 2021. Dia nacional do Vereador(no Brasil). Incrível coincidência, não é?!? Seria inevitável escrever-vos hoje sem falar sobre as centenas de vereações eleitas país fora e em todas as cruzes que foram feitas no passado domingo. Pois bem, para começo, da freguesia de onde vos escrevo registou-se a maior taxa de abstenção do concelho, pasmem-se com os 29% de eleitores ausentes. Estatística idêntica ao número de recusas para inoculação da vacina contra o Covid na Fajãzinha. Ainda são alguns, e não são poucos.

 

Aqui bem pertinho de você (ler em versão brasileira- Herbert Richers), do lado de lá da Ribeira Grande, o meu amigo Vítor reconduziu-se a mais quatro anos de Algarve ao peito. A eleição na Fajã Grande parecia o Benfica a jogar contra o Barcelona. Fácil. Mais complicado vai ser o Natal porque levaram as árvores, algumas com quase três metros.

 

A outra localidade que nos ladeia, o Mosteiro, mostrou o que é cumprir um direito inerente a todos os portugueses: 92% dos inscritos foram às urnas.

 

No Lajedo, o candidato vencedor das autárquicas passeou como o Liverpool na cidade Invicta. Daqui a dois dias vamos ver de quem será a presidência da freguesia do Campanário com asfalto renovado.

 

Na vila das Lajes, o mês de setembro trouxe-nos um ´dust devil´, uma espécie de tornado com areias que adivinhava um resultado hecatombe para o poder instituído.

Resta saber se com menos milhões previstos vamos ter porto para tanto fenómeno da Natureza. Sobrou um docinho no que toca à Assembleia de Freguesia.

 

Sobre a Fazenda do Céu tenho duas coisas para vos dizer. A primeira já me esqueci, mas, a partir de agora, parece-me que vídeos do que ficará bem feito vão surgir com maior frequência.

 

Na Lomba, o Eliseu provou que o poder local não é transitório, no máximo transitário.

 

Do outro lado da placa do concelho mais Ocidental da Europa, os cidadãos puderam ver também o habitual ´Menino Mija´ das canetas e das t-shirts. Li uma vez um artigo que aconselhava a não utilização do mesmo par de sapatos dois dias seguidos. Depois de muito dar à sola, os resultados mostraram, com maior margem que nas Lajes, que é para haver piscina em Ponta Delgada!

 

Saliento que o dia de reflexão foi levado ao tracinho no concelho das Lajes, não tivéssemos passado o sábado sem rede Vodafone. Nem para receber mensagens de apelo ao voto, ou recebemos?!? Já em Santa Cruz é tudo à grande - e não estou a falar de fogo de artifício - uma vez que o sinal na Fazenda foi elevado a antena, mas esqueceram-se, provavelmente, foi de o ligar.

 

A Caveira, que daria vitória à Coligação para a Assembleia Municipal, ou os Cedros que validou os resultados finais para o Partido Socialista, serviram, no final, para a festa rosa.

 

Ponta Delgada foi freguesia arrebatadora quanto a números favoráveis à esquerda política e elegeu o jovem Ricardo no mandato mais a norte da ilha.

 

Santa Cruz vai ter ao volante o Antero que será presidente local pela primeira vez.

 

A joia da coroa, "apesar do forte investimento do Governo Regional dos últimos meses", mantem-se aos comandos do Sr. Silva. 

 

Nos próximos quatros anos muitos serão aqueles que nas diferentes assembleias e plenários poderão executar os direitos ou regular os deveres de todos nós.

"Querer um político e não se arranjar" deixou de ser um problema. Estão aí, eleitos e escolhidos por todos nós.

 

Relativamente ao dia das eleições apresento-vos meia dúzia de curiosidades muito importantes para as vossas vidas. Podem sempre ir fazer o jantar agora. Então, de acordo com a lei, ninguém pode manifestar a sua intenção de voto ou efetiva escolha a menos de 50 metros da mesa de voto (obviamente também não podem ter a distância inferior os cartazes de apelo). As forças de segurança não podem estar armadas na assembleia de voto, exceto em caso de tumulto, e não devem permanecer neste local por um período superior a 10 minutos, estando, simultaneamente, proibido o ato de votar enquanto os mesmos estão presentes. Os delegados dos partidos têm imunidade durante o dia de eleições não podendo ser detidos por crime inferior a 3 anos de prisão. No Centro de Saúde, durante este dia, é possível pedir declaração para as pessoas incapacitadas terem auxílio para o voto. Nas Flores, nas freguesias da Fajãzinha, Mosteiro, Lajedo, Caveira e Cedros o próximo (a) Presidente da Junta só será eleito depois de amanhã numa eleição diferenciada das do passado domingo.

 Eu sei, contaram e falta uma. Aqui vai: qualquer cidadão pode ser eleito a partir dos 18 anos. Lembro-me do nosso ex-deputado regional, João Paulo, ser presidente da Junta dos Cedros mal atingiu a sua maioridade. Exceção feita para concorrer a Presidente da República onde apenas o podemos fazer aos 35 anos de idade. A partir de 2023 estou na luta!

 

Queria deixar aqui o meu manifesto pós-eleitoral: se o Homem conseguiu chegar à lua, não seremos nós, florentinos, capazes de controlar o número de gatos, tirar as correntes aos cães, ver as obras com fundos comunitários inauguradas e, por amor aos santinhos das plantas, dar cabo do raio da cana-roca?!? E se for necessário meter uma placa na Fajã a apontar para o Monchique e dizer que é ali o Ocidente extremo. Qual Cabo da Roca qual quê!

 

Era suposto dar-vos uma novidade este mês que não fui autorizado a divulgar. Pese embora estar deveras contrariado, sempre fui bem-ensinado. E à hora que vos escrevo nem saiu a chave do Euromilhões desta sexta-feira, portanto, não há forma de vos compensar. Sendo que, como o desconfinamento já o permite, podemos sempre ir para o ´Toste´ ouvir os novos hits ou a melhor música de 2010 e celebrar a vida dessa forma. Com jeitinho, duas ´Erdinger´ depois, posso contar-vos pessoalmente.

 

Notas de caracter nacional. Se por um lado fomos todos recordados pelo Estado Maior que no cemitério é que estão os insubstituíveis, foi este mês de setembro relembrada uma frase cujo valor é equiparado ao seu autor. "Não há portugueses dispensáveis"- RIP Jorge Sampaio. À democracia local, "não há florentinos dispensáveis". Somos poucos, que sejamos unidos!

 

30 dias até novembro. 4 anos até aos próximos Mayor´s.

 

Fajãzinha, 1 de outubro de 2021.

 

Marco Henriques

Perfil do Autor

Marco Henriques, natural da Fajãzinha, nasceu em 1988 e é licenciado em Comunicação Social e Cultura.

Trabalhou enquanto jornalista no Diário dos Açores entre 2009 e 2011 e é Oficial de Operações Aeroportuárias desde 2012 na empresa ANA - Grupo Vinci.

Colaborou com o jornal “O Monchique” entre 2006 até à sua extinção e é desde 2017, ano em que regressou à ilha das Flores, Presidente da Direção da Filarmónica União Operária e Cultural Nossa Senhora dos Remédios.

Marco Henriques

Marco Henriques, natural da Fajãzinha, nasceu em 1988 e é licenciado em Comunicação Social e Cultura. Trabalhou enquanto jornalista no Diário dos Açores entre 2009 e 2011 e é Oficial de Operações Aeroportuárias desde 2012 na empresa ANA - Grupo Vinci. Colaborou com o jornal “O Monchique” entre 2006 até à sua extinção e é desde 2017, ano em que regressou à ilha das Flores, Presidente da Direção da Filarmónica União Operária e Cultural Nossa Senhora dos Remédios.

Crónicas Geral Sociedade

Flores, 20 anos depois

Flores, 20 anos depois No dia em que escrevo, completam-se vinte anos desde que cheguei às Flores. Vinte e cinco horas de viagem no Golfinho Azul, partindo da Praia da Vitória, passando por Graciosa, São Jorge, Pico e Faial. No porão ia o meu Suzuki Samurai, carregado até mais não com coisas que achei essenciais. […]

LER MAIS
Crónica da Fajãzinha Crónicas

“Crónica da Fajãzinha #11”

José Fernandes, Maria Avelar,Jacinto Avelar, Maria Fortuna, Francisco Fortuna, António Custódio, Fátima Custódio, Verónica Eduardo, Manuel Furtado, Rafaela Furtado, Ema Furtado, Lúcia Custódio, Armando Custódio, Lurdes Henriques, Maria P. Eduardo, Ana Silveira, Maria Olívia Corvelo, José Henriques Custódio, Sidónia Cordeiro, José A. C. Freitas, Nélia Freitas, Joana Freitas, Isilda Corvelo, Maria Corvelo, Serafina Eduardo, António […]

LER MAIS
Crónicas Histórias das minhas gentes

“Histórias das Minhas Gentes #47”

Duas histórias. Duas notas. Uma de 20 escudos, outra de mil escudos. Ainda morava na casa velhinha e a minha mãe parou na casa dos meus avós para nos levar para casa. Vinha exausta de assentar blocos na casa nova junto com o meu pai. Confiou-me uma nota de vinte escudos e disse: Maria, vai […]

LER MAIS