Luta entre o feminismo e a sociedade patriarcal florentina.

Isto é o título

A procura pela igualdade de direitos entre géneros vê-se longa e difícil, tal qual o combate ao racismo ou à xenofobia, e isto acontece por todo o mundo não sendo a nossa bela ilha das Flores, neste caso, uma exceção. Importa referir que o feminismo não é o desejo de sobrepor o sexo feminino ao masculino, é a luta pela IGUALDADE, e assim diferente do femismo, este sim representando o inverso do machismo.

Muitos foram e são os que colocam a mulher numa posição de dependência natural em relação ao marido, chegando o filósofo Aristóteles a assumir, sem qualquer justificação, uma pretensa superioridade intelectual e de caráter do homem em relação à mulher, restringindo as funções desta última na sociedade aos seus supostos deveres enquanto mãe e esposa. Esta ideologia misógina apenas promove o patriarquismo e, consequentemente, a subordinação institucionalizada e a exploração da mulher, características típicas da nossa cultura.

 

“Ensinamos as meninas a encolherem-se.

Para se tornarem ainda mais pequenas.

Dizemos às meninas: vocês podem ter ambição, mas não muita.

Vocês devem ansiar ser bem-sucedidas.

Mas não muito bem-sucedidas.

Caso contrário, vão ameaçar o homem.

Porque sou do sexo feminino esperam que eu almeje o casamento.

Esperam que eu faça as escolhas da minha vida, tendo sempre em mente que o casamento é o mais importante.

O casamento pode ser uma fonte de alegria, amor e apoio mútuo.

Mas porque ensinamos as meninas a ansiar o casamento e não ensinamos a mesma coisa aos meninos?

Criamos as meninas para serem concorrentes.

Não para empregos ou para conquistas – que eu acho que podem ser uma coisa boa – mas para a atenção dos homens.

Ensinamos as meninas que não podem ser seres sexuais.

Da mesma forma que os meninos são.

 Feminista – a pessoa que acredita na igualdade social, política e económica entre os sexos.”

(Flawless – Beyoncé feat. Chimamanda Ngozi Adichie)

 

O feminismo em outros tempos lutou “pelas coisas que valiam a pena” e que hoje se consideram como bens adquiridos, no entanto, apesar de vivermos em tempos modernos, ainda há áreas onde a desigualdade é evidente. Ainda há estereótipos por combater e pelos quais somos conduzidos pelo preconceito inconsciente. E porquê inconsciente? A mensagem que nos é passada desde tenra idade é a do “homem-provedor” e “mulher-cuidadora”, fruto da influência patriarcal e do modelo ideal de mulher doméstica, sendo que é a mulher que fica encarregue de forma unilateral, quando não exclusiva, das atividades de cuidado e assistência aos membros da família, e dificultando, assim, a adaptação, aceitação e dedicação para com outras áreas, como a profissional. Tornando-se a dada altura conceitos intrínsecos com os quais temos de combater.

Fartámo-nos de ouvir os testemunhos felizes, que nos dão esperança para o futuro. Aqueles do “ele ajuda”. Ele ajuda, como se tal não fosse sua obrigação, como se de um estranho prestável se tratasse, não a pessoa que tem os mesmos filhos e vai utilizar os objetos, as roupas, ou até usufruir da mesma fresca e quente refeição, não a pessoa com quem se partilha horários e transportes… são os típicos tradicionalistas e conservadores, os chefes de família que respeitam as suas esposas, tal como descreve o papa Francisco os habitantes do Vaticano, os falsos moralistas “pecadores por dentro”.

Os longos séculos de submissão “ao género dominante” deixaram como que impresso na sociedade e no Estado a ideia de que o feminino é o “género frágil” incitando e intensificando possíveis agressões de toda a espécie contra mulheres. Isto considerando a definição de Chauí de violência, ou seja, que esta é “toda e qualquer violação da liberdade/autonomia e do direito de alguém ser sujeito constituinte da sua própria história”.

Aqui escrevo que “o mundo inteiro está a ver”, tal como gritaram os manifestantes nas cenas do filme os 7 de Chicago, realizado pelo argumentista Aaron Sorkin, que a tantos temas ainda discutíveis pode dar simbologia!... Tenhamos bom senso, eduquemo-nos para a igualdade. Que escolhamos brilhar pela positiva. O feminismo está aqui e vai durar, e mesmo que um dia alcance o seu objetivo, nunca nos podemos esquecer das suas origens, das suas primeiras guerreiras e de quem dedicou a sua vida para que milhões de outras a pudessem aproveitar da melhor forma.

Perfil do Autor

Natural de Santa Cruz das Flores, onde cresceu e foi criada, mais concretamente no lugar da Fazenda. Fez formação inicial na Escola Básica e Secundária de Santa Cruz das Flores.

Em 2012, partiu na aventura de obtenção de formação a nível superior, terminando a Licenciatura em Biologia em junho de 2015 pela Universidade dos Açores – Pólo de São Miguel. No mesmo ano, após decidir regressar à sua terra natal, iniciou funções, enquanto estagiária, no Serviço de Ambiente da Ilha das Flores, até 2018.

Em 2019, trabalhou como Assistente Técnica no Posto de Turismo. Neste momento, é Técnica Superior da Área de Ambiente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores. Adicionalmente, em 2019, tornou-se membro da Associação pela Defesa do Ambiente – Ambiflores.

Diana Noia

Natural de Santa Cruz das Flores, onde cresceu e foi criada, mais concretamente no lugar da Fazenda. Fez formação inicial na Escola Básica e Secundária de Santa Cruz das Flores. Em 2012, partiu na aventura de obtenção de formação a nível superior, terminando a Licenciatura em Biologia em junho de 2015 pela Universidade dos Açores – Pólo de São Miguel. No mesmo ano, após decidir regressar à sua terra natal, iniciou funções, enquanto estagiária, no Serviço de Ambiente da Ilha das Flores, até 2018. Em 2019, trabalhou como Assistente Técnica no Posto de Turismo. Neste momento, é Técnica Superior da Área de Ambiente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores. Adicionalmente, em 2019, tornou-se membro da Associação pela Defesa do Ambiente – Ambiflores.

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