A Palavra é muito mais que a homilia

Isto é o título

Ensinaram-nos que a Santa Missa tem duas partes: inicia-se com a Liturgia da Palavra e continua com a Liturgia Eucarística. Na primeira parte são proclamadas as leituras bíblicas, constituindo-se como Mesa da Palavra, da qual todos têm o direito de participar e aproveitar como alimento espiritual. A segunda é a Mesa do Corpo do Senhor, da qual alguns, amargamente, só participam com o desejo.

Da primeira parte faz parte a homilia, reservada ao sacerdote, ou pelo menos a um diácono. Destina-se, por regra, à explicação de algum aspecto das Sagradas Escrituras. Por vezes torna-se exortação religiosa, prelecção sobre o significado das leituras, exposição doutrinária. Há mestres a considerar deverem ser breves, cuidadosas para manter a autenticidade da mensagem bíblica, não poderem transformar-se em sermão, nem discurso retórico.

Os católicos mais exigentes, ou menos bondosos, consideram algumas homilias como discursos pretensamente morais e enfadonhos, evidenciando a pretensão dos sacerdotes se considerarem os únicos donos da verdade, ou, sobretudo em terras pequenas onde todos conhecem muito da vida dos outros, como recados dirigidos a grupos ou pessoas.

Os «senhores» Padres (como alguns deles gostam de se tratar a si próprios) têm perfeita consciência de terem sido ordenados para servir ao Senhor e aos homens e por isso foram instruídos para resistir à tentação de abusar do poder do ambão e aproveitar a impossibilidade de resposta dos fiéis.

O Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, afirmou: “A homilia não pode ser um espectáculo de divertimento, não corresponde à lógica dos recursos mediáticos, mas deve dar fervor e significado à celebração. É um género peculiar, já que se trata de uma pregação no quadro duma celebração litúrgica; por conseguinte, deve ser breve e evitar que se pareça com uma conferência, ou uma lição”.

Todos devemos ter consciência que os sacerdotes são humanos, com virtudes e defeitos, como todos nós. Nem por buscarem a perfeição, a garantirão. Mas não parece haver bom fundamento para quem deixa de participar na Missa por não gostar do padre, ou sequer de o ouvir.

Saibamos ser clementes: as homilias podem não ser rosas, mas não as tomemos por insignificâncias, nem como vergastadas. Haja a generosidade de ser compassivo.

O misericordioso Santo Estevão, apedrejado, à beira da morte, ainda assim bradou: “Senhor, não lhes atribuas este pecado”.

Participando na Missa todos podem ficar, ao menos, com a Palavra de Deus, sempre muito melhor que qualquer boa homilia.

Artigo publicado no site igrejaacores.pt

Perfil do Autor

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura.
Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores.
Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD.
Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores.
Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta.
Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional.
Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

Renato Moura

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura. Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores. Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD. Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores. Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta. Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional. Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

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