Qual surpresa, qual carapuça!

Isto é o título

O Presidente da República promulgou três diplomas: alargamento do universo e âmbito dos apoios sociais previstos para trabalhadores independentes, gerentes e empresários em nome individual; aumento dos apoios para os pais em teletrabalho; extensão do âmbito das medidas excepcionais para profissionais de saúde. Vinham votados da Assembleia da República por toda a oposição e sem voto favorável do PS.

O Governo e o PS consideram que a oposição e o Presidente violaram o n.º 2 do art.º 167.º da Constituição (conhecida como lei-travão) impeditiva do aumento de despesas, ou a redução de receitas, na execução do orçamento. O Primeiro-ministro não disfarçou o desagrado e sobre a fundamentação do Presidente, para a promulgação, considerou-a “muito rica, inovadora e criativa”, num tom indisfarçavelmente irónico. Viu na posição do Presidente um enorme risco futuro. Não se deteve e recorreu ao Tribunal Constitucional, na busca da inconstitucionalidade dos apoios.

Surpresas? Não!

Quem acreditava que Marcelo mantivesse, no segundo mandato, apoio e cobertura total ao Governo PS? Quem não esperava que Marcelo usasse a sua criatividade argumentativa para algum juízo de mérito político às oposições? Quem não sabia que o ilustre professor de direito tinha inteligência e dotes de sobra para interpretar a Constituição – antes e agora – em apoio das suas decisões políticas?

Quem esperaria o apoio de Costa, sem limites, às decisões do Presidente? Quem não percebera que Costa, apesar de dispensar o apoio parlamentar, ainda assim quereria governar com o poder exclusivo? Quem se surpreende pelo Governo e o PS não aceitarem sem rebuço as decisões do Parlamento?

Fomos surpreendidos pela oposição e o Presidente terem agora violado uma norma constitucional?! E antes sentimo-nos convencidos pela forma como sistematicamente vimos, sob o pretexto da pandemia, com o apoio do Presidente, atropelados direitos, liberdades e garantias constitucionais?! E não sabemos quem é o eterno campeão do aumento da despesa pública?

Surpresa não é, de certeza, a emergência devastadora, com angústia para todos, penúria para muitos e carência de justos apoios.

À beira da Páscoa recordemos a vinda de Jesus ao mundo para servir e dar a vida pela redenção dos homens; e cumpriu.

Não se pede aos titulares dos órgãos de soberania que morram por nós. Simplesmente se espera o cumprimento dos juramentos.

De Jesus recebemos: “Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz”; e após a ressurreição abençoou: “A paz esteja convosco”. Aleluia! Santa Páscoa!

Artigo publicado no site igrejaacores.pt

Perfil do Autor

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura.
Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores.
Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD.
Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores.
Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta.
Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional.
Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

Renato Moura

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura. Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores. Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD. Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores. Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta. Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional. Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

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