O reconhecimento da diferença

Isto é o título

O Governo dos Açores, em Março, optara pela vacinação completa dos corvinos contra a Covid19, uma medida pioneira para assegurar a imunidade de grupo na Ilha do Corvo.

Decorre o reforço do processo de vacinação nas outras cinco ilhas sem hospital. Esta iniciativa só se tornou possível graças à majoração do número de vacinas atribuído aos Açores para este efeito. O processo está a decorrer de forma acelerada com o apoio de uma equipa de militares enviada pelo Ministério da Defesa, constituída por seis enfermeiros, dois médicos e um farmacêutico, permitindo administrar a primeira dose da Pfizer até ao dia 20.

Há que reconhecer o esforço político do Presidente do Governo no apelo veemente à solidariedade europeia e também nacional, pois “Somos diferentes e como tal devemos ser reconhecidos e considerados”. A propósito da majoração do reforço de vacinas e da vinda da equipa militar, com a mesma intensidade José Manuel Bolieiro sublinhou este exemplo qualificando-o como de unidade nacional e cooperação, reforçando-o com a declaração: “Em vez de costas voltadas, estamos unidos neste exercício de equidade para o País”.

Goste-se ou não daquele Governo da República, ou deste Governo Regional, mas é justo reconhecer o mérito e significado desta operação humanitária em prol da imunidade de grupo em Julho. Costumamos evidenciar a nossa ultraperiferia na Europa, afirmar a especificidade dos Açores como fundamento para uma governação autónoma, mas na verdade há ilhas periféricas nos Açores a reclamar soluções específicas, as quais muito se propalaram, porém pouco se realizaram, infelizmente.

Mesmo a quem não apoie politicamente este Governo Regional, a justiça imporia o reconhecimento desta medida em defesa das populações das ilhas sempre mais desfavorecidas e desprotegidas. A solidariedade também tem de ser regional, principalmente para aqueles cujo hospital é sempre longe, na pandemia ou fora dela. Pelo menos a solidariedade seja geral, pois o desenvolvimento harmónico não tem sido.  Incautas declarações políticas, quando por detrás se vislumbra a ânsia incontida de captação de votos, só podem merecer o apoio dos fanáticos e apenas servem para impedir a unidade dos Açores.

O Presidente do Governo ocupou, nesta matéria, a função e o lugar devidos. O Secretário Regional da Saúde e do Desporto ficará lembrado pela audácia de assumir o cargo em plena pandemia e na história pelos exemplos de discernimento, seriedade, coragem, trabalho, tenacidade.

E que medre sempre o reconhecimento da diferença.

Artigo publicado no site igrejaacores.pt

Perfil do Autor

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura.
Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores.
Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD.
Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores.
Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta.
Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional.
Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

Renato Moura

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura. Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores. Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD. Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores. Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta. Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional. Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

Crónicas Geral Sociedade

Flores, 20 anos depois

Flores, 20 anos depois No dia em que escrevo, completam-se vinte anos desde que cheguei às Flores. Vinte e cinco horas de viagem no Golfinho Azul, partindo da Praia da Vitória, passando por Graciosa, São Jorge, Pico e Faial. No porão ia o meu Suzuki Samurai, carregado até mais não com coisas que achei essenciais. […]

LER MAIS
Crónica da Fajãzinha Crónicas

“Crónica da Fajãzinha #11”

José Fernandes, Maria Avelar,Jacinto Avelar, Maria Fortuna, Francisco Fortuna, António Custódio, Fátima Custódio, Verónica Eduardo, Manuel Furtado, Rafaela Furtado, Ema Furtado, Lúcia Custódio, Armando Custódio, Lurdes Henriques, Maria P. Eduardo, Ana Silveira, Maria Olívia Corvelo, José Henriques Custódio, Sidónia Cordeiro, José A. C. Freitas, Nélia Freitas, Joana Freitas, Isilda Corvelo, Maria Corvelo, Serafina Eduardo, António […]

LER MAIS
Crónicas Histórias das minhas gentes

“Histórias das Minhas Gentes #47”

Duas histórias. Duas notas. Uma de 20 escudos, outra de mil escudos. Ainda morava na casa velhinha e a minha mãe parou na casa dos meus avós para nos levar para casa. Vinha exausta de assentar blocos na casa nova junto com o meu pai. Confiou-me uma nota de vinte escudos e disse: Maria, vai […]

LER MAIS