Incoerências fatais

Isto é o título

Há cidadãos ouvidos nas comissões de inquérito a gozar com os deputados e a descredibilizar o Parlamento. A sociedade parece mobilizada para debelar a violência doméstica e há decisões judiciais dando sinais de a acalentar. Quanto a candidaturas de pessoas a braços com a justiça, há forças políticas a verem o argueiro no olho do vizinho sem verem a trave no seu. São contradições absurdas.

No espectáculo do futebol o Estado não permitiu aos portugueses, mas consentiu aos ingleses. O Governo deve tomar-nos por ceguinhos, ou tolinhos, em termos de Liga dos Campeões: anunciou uma “bolha” onde vinham e iam os ingleses; considerou a final um “sucesso” sem incoerência, nem excepções; disse que a maior parte das coisas correu bem; terminou concluindo haver regras que têm de ser cumpridas e o ocorrido não pode servir de alibi para fazer o mesmo! O Ministro da Administração Interna há muito não merece credibilidade, o 1.º Ministro eleva-lhe a confiança como escudo protector. Há quem peça a demissão do Ministro, pelos vistos não aprenderam como em política a única forma de manter um ministro é exigir a demissão! Já nem a Associação de profissionais da PSP acredita na capacidade de Portugal para realizar certos eventos. Mais desconexões funestas.

Pelos vistos não se quis aprender com o fenómeno ocorrido em Lisboa aquando da justa vitória do Sporting no campeonato. Ingenuidade não é, obviamente. Na verdade, vai-se de lição em lição até à derrota final! A perda de confiança e autoridade do Estado é já evidente: não se cumpre, não se dão explicações objectivas dos motivos e das decisões; muito menos se tem a honestidade de reconhecer os erros e em vez disso se tenta defender o injustificável! Outras incongruências graves.

Como se pode compreender a imposição de futuros eventos sem público, ou até com apertadas regras? Merece alguma credibilidade o espaventoso anúncio de se estar a contribuir para a retoma da economia, abrindo com conta peso e medida, quando na realidade são evidentes os sinais de dois pesos e duas medidas, conforme quem promove? Os pobres aldeões continuarão sem festas e romarias e os ricos esgotarão os caros bilhetes dos festivais.

Estão reguladas por lei as regras de acesso, ocupação e utilização das praias neste ano. São variadas e pesadas as exigências, cuja utilidade aqui ora se não discute; mas não deixarão de se considerar ridículas perante outras situações consentidas.

A coerência não só se pede, exige-se por direito e dever; pois se não existe os resultados são fatais.    

Artigo publicado no site igrejaacores.pt

Perfil do Autor

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura.
Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores.
Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD.
Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores.
Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta.
Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional.
Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

Renato Moura

José Renato Medina Moura, mais conhecido por Renato Moura. Nasceu na Horta, em 30 de Julho de 1949, mas sempre residiu nas Flores, onde foi chefe da Repartição de Finanças de Santa Cruz das Flores. Foi eleito deputado regional pelo PSD nas I, II, III e IV Legislaturas da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, tendo cumprido o último ano e meio de mandato como deputado independente. Foi presidente de diversas comissões parlamentares e vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD. Representou os Açores na Comissão Luso-francesa. Foi Presidente da Comissão Administrativa da Federação dos Municípios da Ilha das Flores e da Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores. Foi Presidente da Comissão Diretiva Regional do CDS-PP e Vice-presidente do Partido nos Açores e membro eleito por este partido na Assembleia Municipal da Horta. Foi Diretor do Jornal “AS FLORES” durante mais de 32 anos e há mais de uma dezena de anos que é cronista com colaboração regular na imprensa regional. Foi presidente de várias coletividades desportivas, recreativas, culturais e sociais.

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