Ficava na Rua das Sebes, a antiga Casa do Povo de Ponta Delgada. Um espaço que não devia ter cinquenta metros quadrados alojava o funcionamento da Caixa de Previdência (creio que assim se chamava na altura) com a Sra. Policena ainda bastante jovem a efetuar o serviço de atendimento. Na altura poucos eram os que aderiam ao pagamento dos seus descontos para o Estado. Muitos, porque ganhavam pouco e alguns porque ainda não tinham assimilado os benefícios que isso lhes traria no futuro. Vivia se numa época onde o colchão ainda era o melhor sítio para se guardar o dinheiro e onde a velhice era vivida na companhia dos filhos, porque numa casa onde comiam quatro comiam cinco ou seis ou até uma dúzia, o pão haveria de chegar para todos. Nesse mesmo espaço funcionava o gabinete do atendimento médico e de enfermagem. Era lá que se vacinava toda a criançada da freguesia. Lembro-me de ir fazer os testes do penso, que era uma alegria quando se ia retirar e havia uma erupçãozinha, sinal que nos tínhamos safado à dolorosa picadela. Era também naquele espaço que ao fim de semana se davam aulas de catequese.
Foi uma grande evolução para Ponta Delgada quando nos anos noventa se inaugurou o edifício polivalente que ia albergar todas as associações culturais da freguesia e esses serviços que eram albergados no velhinho edifício da Rua das Sebes.
Quando passo fora da antiga Casa do Povo bate uma certa nostalgia, um espaço tão pequeno e tanta criançada brincava naquele pátio, enquanto no novo edifício apenas ouço o doloroso silencio do despovoamento.