Nasci sem televisão, a ouvir rádio. Tenho duas memórias marcantes da rádio, uma que me marcou pela positiva, outra nem por isso. A positiva é das tardes em que a minha mãe colocava a rádio a tocar baixinho na hora da sesta da Márcia quando era bebê. Eu e o Noel tínhamos três e quatro anos respectivamente. Devia ser difícil manter nos calados e quietos naquelas horinhas sagradas. Então era um truque que a minha mãe tinha para disfarçar ruídos que a pudessem acordar. E é engraçado que ainda me lembro claramente de muitas das letras das músicas que mais tocavam nessa altura do Carlos Paião, GNR, António Variações... A outra memória menos positiva é do meu pai ouvir os relatos dos jogos da primeira liga. Além daquela aceleração vocal dos locutores ainda tinha a irritação do meu pai se as nossas brincadeiras o faziam perder um segundo que fosse daquele momento futebolístico. Ainda hoje abomino ouvir relatos de futebol na rádio. Não sei... Mexe-me com os nervos. Lembro-me da primeira vez que entrou a televisão porta dentro. Aquela caixa mágica, com ecrã a transmitir ainda a preto e branco e que durante o dia não transmitia. Emissão começava às 18 horas com apenas uma hora de emissão de desenhos animados. Em trinta anos a tecnologia deu um salto tão grande e inimaginável que os filmes futuristas daquela época até nos parecem hoje ridículos.
Tecnologias novas que nos dão capacidade de partilhar para o mundo inteiro do pequeno recanto da nossa casa estas histórias que são um pouco de todos nós.