“Histórias das Minhas Gentes #11”

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Sempre me lembro de ser uma criança muito desinibida, sempre falava com toda a gente, até porque naquela altura ninguém nos avisava para não falar com estranhos. Todos eram parte da comunidade, todos conhecidos e amigos. Na casa do meu avô Adolfo começou a surgir um rapazinho que aparecia no pátio e ficava na conversa com a Fatinha. Eu de início espreitava apenas para ver quem era o estranho de bigode igual ao do meu pai. A minha avó Amélia um dia disse: eles são namorados. Eu não sabia bem o que isso era, mas passei a ser uma "vela" assídua àquela namorico.

Mais tarde casaram como mandava a tradição e escolheram a capelinha do São João padroeiro dos namorados no Pico do Meio dia. Dessa cerimônia lembro-me do Francisco Manuel de dedo na boca a chorar que não queria levar os anéis com a minha irmã pequenita.

Esse estranho de bigode entrou na família. Passou a ser um tio emprestado, porque nem a Fatinha era minha tia, mas foi sempre como se fosse e ainda hoje continua a ser.

Os natais eram simples, fazíamos pedidos ao menino Jesus porque o Pai Natal não era tradição na nossa casa. Nesse Natal, pela noite dentro alguém bateu à porta e eu fui logo muito despachada a abrir. Surge me uma figura grande, vestida com um lindo fato vermelho, barbas brancas, óculos na ponta do nariz, luvas brancas e um saco cheio de prendas. Era o Pai Natal. A minha irmã fugiu assustada esconder se atrás da minha mãe. Eu e o meu irmão ficamos fascinados a olhar a bonita figura que tínhamos na nossa frente.

Ele começou a distribuir as prendas, mas perante a criança assustada não teve outra solução senão puxar as barbas para fora para revelar o rosto familiar.

O estranho de bigode que virou família, para mim será sempre, também, a recordação da entrada da figura mágica do Pai Natal na minha infância.

Perfil do Autor

Nascida a 08 de maio de 1979, natural de Santa Cruz das Flores, fez ensino primário na freguesia de Ponta Delgada, ilha das Flores onde residiu durante a sua infância e juventude. Concluiu o ensino secundário na Escola Básica e Secundária da ilha das Flores. Foi subdiretora do Jornal As Flores entre o período de 2006 e 2007, assumindo depois o cargo de diretora do mesmo jornal entre o período de 2008 a 2012.

Atualmente é assistente técnica no Município de Santa Cruz das Flores, mediadora de seguros, colaboradora no jornal digital 9idazoresnews e correspondente da RTP/Açores.

Maria José Sousa

Nascida a 08 de maio de 1979, natural de Santa Cruz das Flores, fez ensino primário na freguesia de Ponta Delgada, ilha das Flores onde residiu durante a sua infância e juventude. Concluiu o ensino secundário na Escola Básica e Secundária da ilha das Flores. Foi subdiretora do Jornal As Flores entre o período de 2006 e 2007, assumindo depois o cargo de diretora do mesmo jornal entre o período de 2008 a 2012. Atualmente é assistente técnica no Município de Santa Cruz das Flores, mediadora de seguros, colaboradora no jornal digital 9idazoresnews e correspondente da RTP/Açores.

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