Isto é o título
Há 40 anos atrás a ilha das Flores tinha uma agricultura de subsistência. A maior parte das pessoas, mesmo os que tinham outro emprego cultivavam no quintal as suas cebolas, alhos, feijão, ervilhas, batatas e couves.
Alguns tinham quintas que produziam laranjas, tangerinas e limões no inverno e no verão as pereiras carregavam de peras, as macieiras (maçã azeda) tinham maçãs e havia ainda muitas ameixas e uvas. Depois na época do araçá, da amora, dos figos, da groselha, toda a gente fazia compotas e licores para consumo próprio. Nos terrenos das batatas, para não embravecerem no inverno, semeava-se tremoço e fava.
Lembro ainda de cultivarem amendoins.
Os pessegueiros que hoje praticamente não existem enchiam se de flor e carregavam de fruta. Os mais antigos recordarão também, que enchiam de bicho ainda o fruto não era maduro, mas hoje há certamente solução para isso!
O dia de São Vapor era muito aguardado, é um facto. Mas sobretudo pelos combustíveis, a farinha de trigo, o café e o açúcar, porque não se produziam cá. As eiras já tinham sido abandonadas.
Ninguém desesperava na altura por batatas ou cebolas!
Com tudo isto quero apenas sugerir uma reflexão.
Claro que muitos de nós não querem voltar a trabalhar a terra. Houve uma evolução na ilha que nos envolveu noutras actividades, quer na função pública, no comércio, no turismo, nos serviços. No entanto, creio que seria de reflectir um apoio económico a quem ainda na terra quer trabalhar. Conheço apoios na agro-pecuária, na pesca, no turismo… mas será que existem apoios para uma agricultura local, diversificada? Existem apoios? Se existem são bem divulgados? Existem incentivos a quem quiser produzir cebolas que satisfaçam o consumo local da ilha? Talvez o apoio à importação deveria ser canalizado para apoiar quem o fizesse localmente.
Vi a produção de morangos no verão, acho que nunca foi suficiente para o consumo local. Porque não apoiar quem produz para que possa ver crescer a sua produção, o seu lucro?
Que este ano novo traga melhorias no sector agrícola, que sejam pensados novos caminhos para a ilha evoluir positivamente.