Isto é o título
A menos de uma semana para as presidenciais, temos candidatos para todos os gostos e de todos os quadrantes políticos. Mas no ar surgem comentários: não vou votar porque não vejo nenhum candidato que me faça sair de casa.
Em plena pandemia os candidatos têm sido muito criativos na sua agressividade eleitoral, principalmente os das extremas. Desde #VermelhoEmBelem de Marisa Matias ao anzol de André Ventura. Todos têm tentado marcar o seu território, mesmo que negativamente.
Naturalmente não serão grandes ameaças a Marcelo. O candidato de Belém ao longo dos cinco anos conseguiu ir cavando o seu próprio fosso, onde só não se afunda pela falta de alternativas. Foi um mandato marcado pelos escândalos de Tancos, do BES, de Ricardo Salgado, dos incêndios que vitimaram mais de uma centena de pessoas e da incapacidade de pressionar o executivo a criar estratégias de combate a esse flagelo que todos os anos atinge as florestas portuguesas.
É certo e sabido que a vitória caberá a Marcelo. Mas não será certamente uma vitoria por mérito, mas sim por ser o melhor entre os piores.
Esta é uma fase em que os eleitores demonstram com a ausência às urnas o quanto se sentem neste momento defraudados com o atual sistema político.
Quisemos uma república, pusemos fim à monarquia, mas neste momento em Portugal temos uma república cuja presidência custa o dobro da monarquia espanhola. Ridículo. Vergonhoso.
A Presidência da República custa anualmente 1,58€ a cada Português enquanto que a casa Real Espanhola custa 0,19€ a cada espanhol. “Só” menos 18 vezes.
Um país afundado em dívida pública, um país cada vez mais pobre, com maior número de sem abrigo, maior taxa de desemprego… vem sustentando não só um chefe de estado como assim deveria ser, mas uma dinastia de presidente, ex-presidentes, mordomias, motoristas, gabinetes de apoio…não há palavras sequer para descrever a vergonha que nos tornámos.
Tivemos como presidente da república Manuel de Arriaga (açoriano). Foi o primeiro Presidente da República eleito. Não morava no Palácio de Belém, morava, apenas num anexo do Palácio de Belém, com entrada pelo Pátio das Damas (Calçada da Ajuda); não tinha direito a Adjuntos, Conselheiros, Assessores, entre outros, não tinha direito a carro, nem dinheiro para os transportes; teve que alugar uma casa maior, mas pagava a renda do seu bolso; comprou um carro, mas pagou-o do seu bolso; isto são apenas alguns pormenores.
Atualmente não só o nosso chefe de estado maior se regala com inúmeros privilégios, como os que por lá passaram em mandatos anteriores continuam a deles usufruir. Gostaria de ver um Presidente da República que se candidatasse pela nobre causa que é representar a sua nação, usado apenas daquilo que lhe é por direito, um vencimento justo em comparação com os salários dos portugueses e sem mordomias. Talvez toda a escumalha que perdeu a vergonha no ventre da mãe ficasse em casa!
Para cortar fitinhas, bebericar em feiras populares e tirar selfies no Bairro da Jamaica, perdoem-me, mas o D. Duarte de Bragança fazia tão bem esse papel e saía-nos a preço de saldo, ele e sua Isabelinha…até com isto da sucessão não se gastava em eleições um dinheirão!