Construções marítimas na ilha das Flores!

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Tenho formação em Engenharia Civil. Apesar de não ser especialista em construção marítima, nem ter experiência nesse ramo da engenharia civil, julgo ter o à vontade para falar sobre esta matéria.

Em primeiro lugar gostaria de falar dos prazos de execução das obras marítimas. Na ilha das Flores, é por todos conhecido a existência de sucessivas prorrogações de prazo na obra do Porto das Poças, o que, e infelizmente, do meu ponto de vista, também irá acontecer no Porto das Lajes.

O Leitor neste momento deve-se estar a perguntar porque é que nunca se cumprem os prazos das obras marítimas na ilha das Flores?

Isto acontece, essencialmente, devido a três fatores, os quais passo a enunciar: o primeiro prende-se com a pressão imposta pela população para que a obra seja feita no mais curto período de tempo e aí os políticos sucumbem ao poder do eleitorado.

O segundo fator tem a ver com a estimativa média do tempo de construção, tendo em conta várias obras marítimas. O problema reside aqui; é que esse tempo de construção não é baseado em obras executadas nas Flores, mas sim noutras ilhas. Também aqui tenho de dar a mão à palmatoria e dizer que não se fez assim tantas obras marítimas nas Flores, de maneira a que se consiga perceber o tempo médio desse tipo de obras na ilha. Não obstante, por já se conhecer as condições climatéricas adversas que constantemente se fazem sentir, dever-se-ia majorar esse tempo e, sempre com um fator superior ao dobro do tempo expetável para outra ilha.

O terceiro fator, e talvez o mais preocupante, porventura, será a descapitalização da maior parte das empresas de construção civil, principalmente as maiores. Se assim não fosse, vejamos o exemplo do Porto das Poças, em que temos uma grua que expetavelmente terá mais de 30 anos. Esse facto repercute-se essencialmente em duas situações; uma será a menor velocidade de operação da máquina, uma vez que existem no mercado máquinas que conseguem ter uma maior velocidade de operação; e, a segunda, maior número de avarias o que faz com que haja uma menor produção. Se essas empresas não se encontrassem nessas situações, posso garantir que investiriam na compra dessas máquinas, porque uma coisa é sabida, quanto mais rápida for uma obra, mais rápido se recebe o dinheiro da mesma, e como diz o ditado “tempo é dinheiro”.

Agora vejamos depois de ter falado do ponto de vista genérico, o que na minha opinião, irá acontecer em ambos os portos que estão a ser construídos…

Começo pelo porto que há mais tempo está em construção, o Porto das Poças. Especula-se que esta primeira fase da obra fique concluída para o final do presente ano, depois das intempéries dos últimos dias, acredito que, eventualmente, poderá estar concluída no final do próximo ano, e se, se mantiver o atual estado de progressão da obra. Sobre este Porto, há um dado técnico que gostaria de alertar aos mais distraídos, e que se prende com a execução da proteção da barra que está ligada ao molhe principal. Essa proteção só será possível de construir enquanto se está nesta primeira fase da obra. Depois de terminada esta fase será pouco provável a sua construção. Simplesmente porque os equipamentos não terão forma de chegar ao local… Só via marítima, o que irá disparar os custos.

Aqui apresento uma imagem do Frederico Fournier, com o grafismo do Bruno Correia, sobre o que será a segunda fase da obra das Poças e assinalado a vermelho o que estou concretamente a indicar.

Quanto ao Porto das Lajes. Ainda não tive a oportunidade de conhecer todo o projeto, no entanto, daquilo que conheço e sobre os métodos que serão empregues, diria que, quanto ao que diz respeito à ponte cais, o processo em si é simples uma vez que será executado através dos ditos caixotões que virão a navegar desde São Miguel ou da Terceira para cá, o que faz com que o processo de construção seja mais rápido e eficaz. Sem ser necessário a utilização de equipamentos muito específicos.

Quanto ao tempo expetável da obra, é complexo atribuir uma data de conclusão no seu todo, porque haverá um conjunto de empreitadas que irão ser levadas a cabo em simultâneo. Neste momento já se encontram duas obras adjudicadas, a obra de Proteção de Emergência, já em execução, e a obra de construção da ponte cais, estas com a duração de 18 e 22 meses, respetivamente. Ficando a faltar a adjudicação do molhe principal. Pelo que se foi veiculando, a conclusão do porto duraria cerca de 5 anos. Tendo em conta que um ano já passou, e ainda não foi aberto concurso para a construção do molhe principal, tudo me leva a crer que o prazo é curto… As minhas expetativas serão sempre entre 7 a 10 anos para duração desta obra.

Perfil do Autor

Fábio Augusto Ribeiro Pereira Alves, nascido em 1988, natura da Freguesia de Azurém em Guimarães, com apenas alguns dias veio para a ilha das Flores, onde cresceu e integrou diversos grupos entre eles o Clube Desportivo Escolar Flores, o Agrupamento de Escuteiros 691, Grupo Desportivo Os Minhocas, Boavista Sport Clube.
 
Em 2007 sai da ilha das Flores, para iniciar a Licenciatura em engenharia Civil no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.
 
Em 2013 iniciou o estágio no Município de Santa Cruz das Flores, onde atualmente se encontra a trabalhar.

Fábio Alves

Fábio Augusto Ribeiro Pereira Alves, nascido em 1988, natura da Freguesia de Azurém em Guimarães, com apenas alguns dias veio para a ilha das Flores, onde cresceu e integrou diversos grupos entre eles o Clube Desportivo Escolar Flores, o Agrupamento de Escuteiros 691, Grupo Desportivo Os Minhocas, Boavista Sport Clube.   Em 2007 sai da ilha das Flores, para iniciar a Licenciatura em engenharia Civil no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.   Em 2013 iniciou o estágio no Município de Santa Cruz das Flores, onde atualmente se encontra a trabalhar.

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